Declaração de Berlim sobre o Acesso Aberto ao Conhecimento nas Ciências e Humanidades

A Declaração de Berlim sobre o Acesso Aberto ao Conhecimento nas Ciências e Humanidades é uma declaração internacional sobre o acesso aberto e o acesso ao conhecimento. Emergiu de uma conferência sobre o acesso livre realizada na Casa Harnack em Berlin pela Sociedade Max Planck em 2003.[1]

Antecedentes[editar | editar código-fonte]

Após a Iniciativa de Acesso Aberto de Budapeste em 2002 e a Declaração Bethesda sobre Publicação de Acesso Aberto em 2003, a Declaração de Berlim foi um terceiro evento influente no estabelecimento do movimento de acesso aberto. Peter Suber se referiu aos três eventos combinados como a "definição BBB" de acesso aberto, pois os três se sobrepõem e se informam.

A declaração foi redigida em uma conferência realizada em outubro de 2003 pela Sociedade Max Planck e pelo projeto European Cultural Heritage Online (ECHO). Mais de 120 organizações culturais e políticas de todo o mundo compareceram.[2]

Declaração[editar | editar código-fonte]

A declaração em si foi publicada em 22 de outubro de 2003. Reconhecendo a crescente importância da internet e as discussões anteriores sobre a necessidade de acesso aberto, ofereceu a seguinte definição de contribuição de acesso aberto:

As contribuições de acesso aberto devem satisfazer duas condições:

1. O autor e o detentor dos direitos de tais contribuições concedem para todos os utilizadores/usuários o direito livre e gratuito, irrevogável e mundial de acessar a obra e licenciam a sua cópia, uso, distribuição, transmissão e disposição pública e a elaboração e distribuição de obras derivadas em qualquer meio digital para qualquer propósito responsável, sujeito à atribuição adequada de autoria (os padrões comunitários continuarão a prover os meios para o cumprimento da atribuição adequada e responsável da obra publicada, como acontece agora), assim como o direito de fazer poucas cópias para o seu uso pessoal.

2. A versão completa do trabalho e todos os materiais complementares, incluindo a cópia da permissão supracitada (e portanto publicada) é depositada em formato eletrônico padrão em ao menos um repositório usando padrões técnicos adequados (tais como as definições do Open Archive) que é mantido por uma instituição acadêmica, sociedade científica, agência governamental ou outra instituição bem estabelecida que busca permitir o acesso aberto, a distribuição irrestrita, a interoperabilidade e o arquivamento de longo prazo.

Também encorajou pesquisadores e instituições a publicar seus trabalhos de acordo com esses princípios, defender o acesso aberto e ajudar no desenvolvimento e avaliação de ferramentas e medidas relacionadas ao acesso aberto.[3]

Signatários[editar | editar código-fonte]

Em outubro de 2019, havia 646 signatários da declaração.

Legado[editar | editar código-fonte]

Em uma conferência subsequente em 2005, a declaração foi refinada em dois princípios-chave: os signatários devem exigir que os pesquisadores depositem uma cópia de seus trabalhos em um repositório de acesso aberto e encorajar a publicação do trabalho em periódicos de acesso aberto, quando disponíveis. Hoje, esses dois conceitos são frequentemente chamados de "Green OA" e "Gold OA", respectivamente, e os dois combinados são chamados de mandato de acesso aberto.[4]

Em 2013, no 10º aniversário da declaração, foi publicada uma declaração de missão com o objetivo de garantir que 90% das pesquisas sejam publicadas em modelo de acesso aberto.

Referências[editar | editar código-fonte]

  1. «Berlin Conferences». openaccess.mpg.de. Consultado em 21 de dezembro de 2020 
  2. Robbie, Sabel (julho de 2008). «Conferences and Congresses, International». Oxford University Press. Max Planck Encyclopedia of Public International Law. ISBN 978-0-19-923169-0. Consultado em 29 de setembro de 2020 
  3. Helen, Keller (junho de 2009). «Friendly Relations Declaration (1970)». Oxford University Press. Max Planck Encyclopedia of Public International Law. ISBN 978-0-19-923169-0. Consultado em 29 de setembro de 2020 
  4. Barker, Philip (17 de abril de 2007). «Open Access: Key Strategic, Technical and Economic Aspects2007Edited by Neil Jacobs. Open Access: Key Strategic, Technical and Economic Aspects. Oxford: Chandos 2006. 243 pp. £39.95, ISBN: 1‐84334‐203‐0 Soft cover». The Electronic Library (2): 249–250. ISSN 0264-0473. doi:10.1108/02640470710741368. Consultado em 29 de setembro de 2020 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]