Conanesque

Conanesque ou conanesco (variante hispânica)[1] é um termo usado para definir personagens inspirados em Conan, o bárbaro, criado em 1932 por Robert E. Howard para a revista pulp Weird Tales[2], Howard é apontado como um dos precursores do gênero espada e feitiçaria[2].

Histórico[editar | editar código-fonte]

Crom the barbarian, Out of This World #1 (Junho de 1950)
O continente hipotético de Atlântida.

Em 1950, o escritor e roteirista de histórias em quadrinhos, Gardner Fox e John Giunta criaram para a editora Avon Comics, o personagem Crom, the barbarian, o nome do personagem faz referência a outro personagem das histórias de Conan, o fictício deus Crom[3], assim como Howard, Fox também escreveu contos para a revista pulp Weird Tales[4]. Em 1967, o escritor americano Lin Carter criou Thongor of Lemuria, um pastiche de Conan, Carter estava familiarizado com o Conan, ao lado de L. Sprague de Camp, deu continuidade as histórias criadas por Robert. E. Howard[5]. Em 1969, Fox lançou um outro pastiche de Conan, Kothar, o personagem foi publicado em cinco romances[6]. Em 1970, a Marvel Comics inicia publicação de histórias de espada e feitiçaria, Roy Thomas (roteista) e Barry Windsor-Smith produzem a história "The Sword and the Sorcerers" (Abril de 1970, protagonizada por "Starr the Slayer", Wally Wood escreve e desenha "Of Swords and Sorcery" publicada na revista Tower of Shadows número 7, protagonizada por "Vandal, the barbarian", Stan Lee propôs a Martin Goodman que a editora deveria licenciar um personagem do gênero espada e feitiçaria, Roy Thomas pensou em licenciar Thongor, porém Lee, o convenceu a desistir da ideia e tentasse licenciar Conan[7]. Em Outubro de 1970, foi publicada a primeira edição de Conan the Barbarian, com roteiros de Roy Thomas e desenhos de Barry Windsor-Smith. Em 1971, a editora licencia outro personagem de Howard, Kull, originalmente, Kull era uma espécie de protótipo de Conan, publicado na revista Weird Tales, três anos antes de Conan, na cronologia criada por Howard no ensaio A Era Hiboriana, Kull vivia suas aventuras na Atlântida, num período anterior a Era Hiboriana criada por Howard[2].

Em Conan the Barbarian #23 (1973), Roy Thomas cria a guerreira Red Sonja, a personagem foi inspirada em duas personagens de Howard, Red Sonya of Rogatino do conto "The Shadow of the Vulture" publicada em 1934 na revista The Magic Carpet e em Dark Agnes de Chastillon, ambas as personagens possuíam histórias no século XVI, Thomas incluiu Sonja na Era Hiboriana, interagindo com Conan[8]. No seguinte, outras editoras investem em cópias de Conan, são eles, Dax the Warrior (Gold Key), Haxtur e Hoggarth (Warren Publishing)[2].

Em 1973, quando Thomas ocupava o cargo de editor-chefe, retomou a ideia de licenciar Thongor, o personagem estreou na revista Creatures on the Loose número 22 com roteiros de George Alec Effinger e desenhos de Val Mayerick, a capa da edição ficou a cargo de Jim Steranko[9]. Gardner Fox chegou a escreveu uma única história de Thongor publicada em Thongor #26 (Novembro de 1973)[10]. Thongor não fez tanto sucesso quando os outros personagens e teve sua última história publicada na revista Thongor #29 (Janeiro de 1974)[11]. Em 1975, a DC Comics lança Garra, O Invencível, criado por David Michelini e Ernie Chan, Chan havia trabalhado em Conan, arte-finalizando histórias desenhadas pelos por John Buscema[12]. A revista do Garra foi cancelada na décima segunda edição publicada em 1978[13], no mesma ano, a editora publicou duas histórias do personagens na revista "Cancelled Comic Cavalcade", o personagem ainda seria publicado nas edições 48 e 49 da revista Warlord publicadas em 1981[14]. Em 1977, o canadense Dave Sim cria uma paródia de Conan, Cerebus[15], um porco bárbaro, na terceira edição de Cerebus, o autor cria Red Sophia, nitidamente inspirada em Sonja[16], em 1982, surge Groo, o errante do quadrinista espanhol Sergio Aragonés, conhecido por seus trabalhos na satírica Revista Mad[17] .

Gary Gygax, co-criador de Dungeons & Dragons, foi responsável pela introdução de bárbaros inspirados em Conan nos RPGs


Ainda em 1982, o filme Conan, o bárbaro, estrelado por Arnold Schwarzenegger, faz com que surja vários filmes de espada e feitiçaria, alguns deles protagonizados por bárbaros conanesques tais como :The Beastmaster (1982), The Sword and the Sorcerer (1982), Deathstalker (1983) e Red Sonja (1984), embora tenha a participação de Schwarzenegger, este não interpreta Conan e sim Kalidor[18], no mesmo ano o ator estrela Conan, o Destruidor[19]. Também em 1982, Gary Gygax, co-criador do RPG Dungeons & Dragons, introduz a classe de personagem bárbaro, claramente inspirada em Conan[20], em 1984, após o sucesso dos filmes estrelados por Arnold Schwarzenegger, a TSR, Inc., a editora TSR, Inc. adquiri a licença para adaptar as histórias de Conan para Dungeons & Dragons em três livros baseados nas histórias de Howard, no ano seguinte, a editora publica um livro próprio para Conan sem ligação com Dungeons and Dragons[12]. Ainda em 1985, Gygax ao lado de Flint Dille cria a série de livros-jogos Sagard the Barbarian[21]. A série animada Caverna do Dragão (1983-1986), baseada em Dungeons and Dragons, apresentava um bárbaro, o jovem Bobby[22]. A influencia já era observada em outras animações da década, tais como: Thundarr the Barbarian (1980-1982)[23], Blackstar (1981) e He-Man and the Masters of the Universe (1983-1985)[24].Em 1989, a fabricante de jogos Milton Bradley Company, lança no mercado HeroQuest, um misto de jogo de tabuleiro e RPG, neste jogo, uma das classes de personagem disponíveis é o bárbaro[25].

Em 1986, os brasileiros Mozart Couto (desenhista) e Júlio Emílio Braz (roteirsta) criam "Brakan, o bárbaro vingador", porém não conseguem publicar pela editora[26], o personagem chegou a ser publicado na Europa e permaneceu inédito no país[27]. Em 1987, desenvolvedora de jogos eletrônicos Taito lança o primeiro jogo da franquia "Rastan Saga"[28], nitidamente inspirada em Conan[29], em 1989, a empresa japonesa Sega lança o primeiro jogo da franquia Golden Axe, o jogo tinha como um dos seus protagonista, Ax Battler, o bárbaro[30].

Na década de 2000, Mozart Couto ilustra capas da revista Espada Selvagem de Conan da Editora Abril[31], em 2001, resolve apresentar a editora, uma história de Brakan para ser publicada na revista, porém a Editora Abril perde a licença de Conan[26] e a revista é cancelada na edição 197[12]. o cancelado da revista era inevitável, uma vez que a própria Marvel Comics já havia deixado de publicar Conan em 2000[2]. Em março do ano seguinte, Brakan ganha uma revista própria pela editora Opera Graphica, a revista fazia referências a Conan e a Era Hiboriana na capa, porém a editora não sabia que a Mythos Editora havia adquirido a licença para publicar Conan novamente no Brasil e está ameaça processar a editora Opera Graphica por plágio e uso indevido de marca registrada, o editor da Opera Graphica, Franco de Rosa, alegou possuir licença da Conan Properties para publicar tiras de jornal de Conan[26]. Em dezembro, a Opera Graphica publicou uma segunda revista de Brakan, desta vez sem fazer menção a criação de Howard[27]. Conan voltaria a ter histórias inéditas em 2003, a editora Dark Horse Comics adquiri a licença para publicar os quadrinhos de Conan, tanto para relançar encadernados de histórias publicadas pela Marvel Comics, quanto para produzir histórias inéditas[32], nesse contrato não estavam incluídos nem Red Sonja, nem Kull. já que os direitos dos personagens ficaram separados, Sonja passou a ser controlada por Red Sonja Corp ou Red Sonja LLC e Kull pela Kull Productions, Red Sonja voltaria a ter novas histórias em quadrinhos em 2005 pela Dynamite Entertainment[33], no ano seguinte, a Dynamite chegou a publicar em parceira com a Wildstorm (um selo da DC Comics) a miniserie em Red Sonja & Claw, que apresentava um crossover entre Sonja e Garra, O Invencível, publicada em quatro edições, a mini-série ganharia uma edição encadernado no ano seguinte[34]. ainda em 2006, a Paradox Entertainment, empresa que adquiriu os direitos das criações de Howard processou a Red Sonja LLC por uso indevido de personagem. Em 2008, a Dark Horse consegue os direitos de Kull e de Solomon Kane (outra criação de Howard)[35], já que os personagens também passaram ser controlados pela Paradox[36]. também em 2008, fica estabelecido que a Red Sonja LLC tem os direitos tanto sobre Sonya quanto de Sonja e a Paradox da Era hiboriana, para relançar o conto The Shadow of the Vulture, a Paradox precisa da autorização da Red Sonja LLC[37] a personagem continua sendo publicada pela editora Dynamite[38] e podendo usar a Era hiboriana como cenário[39][40]. Em 2012, a Dark Horse anunciou a publicação de um crossover entre Groo, o errante e Conan[41]. No ano seguinte, as editoras Dark Horse e Dynamite anunciam um crossover entre Conan e Red Sonja, o primeiro desde que os personagens deixaram de ser publicados pela Marvel[42].

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. Manuel Barrero e Carlos Yáñez. «Los cómics precursores de Conan». Tebeosfera 
  2. a b c d e M. Keith Booker (2010). Encyclopedia of Comic Books and Graphic Novels: [Two Volumes]. [S.l.]: ABC-CLIO. ISBN 9780313357473 
  3. Leandro Damasceno (27 de fevereiro de 2009). «Spoiler: nova fase de Conan the Cimmerian». HQManiacs 
  4. Jacques Baudou, Jean-Jacques Schléret (1984). Le vrai visage du Masque: roman policier, espionnage, aventure, western, Volume 2. [S.l.]: Futuropolis 
  5. Marcus Vinicius de Medeiros (1 de dezembro de 2012). «Conan edição histórica - Conan: O Libertador». Universo HQ 
  6. R Reginald, 194, Douglas Menville, Mary A. Burgess (2010). Science Fiction and Fantasy Literature, Volume 1. [S.l.]: Wildside Press LLC. 742 páginas. ISBN 9780941028769 
  7. Pierre Comtois (2011). Marvel Comics in The 1970s: An Issue-by-Issue Field Guide to A Pop Culture Phe. [S.l.]: TwoMorrows Publishing. 44 páginas. ISBN 9781605490342 
  8. Roy Thomas, in The Chronicles of Conan Volume 4: The Song of Red Sonja and Other Stories (Dark Horse, 2004)
  9. Roberto Guedes (2006). «Entrevista:Roy Thomas». Panini Comics. Wizmania (37) 
  10. Michael Eury, Murphy Anderson (2005). Justice League Companion: A Historical And Speculative Overview Of The Silver Age Justice League Of America. [S.l.]: TwoMorrows Publishing. 96 páginas. ISBN 9781893905481 
  11. Mike Conroy (2003). 500 Great Comicbook Action Heroes. [S.l.]: Barrons Educational Series. 49 páginas. ISBN 9780764125812 
  12. a b c Alexandre Callari, Bruno Zago, Daniel Lopes (2011). Quadrinhos no Cinema. [S.l.]: Editora Évora. ISBN 9788563993182 
  13. Maggie Thompson, Brent Frankenhoff (2009). 2010 Comic Book Checklist & Price Guide. [S.l.]: F+W Media, Inc. ISBN 9781440229114 
  14. Roy Thomas, Jim Amash, Rich Buckler (2011). Alter Ego: Centennial. [S.l.]: TwoMorrows Publishing. 17 páginas. ISBN 9781605490311 
  15. Delfin. «Cerebus - Book 1». Universo HQ 
  16. Heritage Comics & Comic Art Auction #829. [S.l.]: Heritage Auctions, Inc. 2008. 42 páginas. ISBN 9781599672762 
  17. Marco Aurélio Canônico (23 de janeiro de 2006). «Novo álbum do bárbaro Groo ironiza guerras». Folha de S.Paulo 
  18. Nigel Andrews (2004). True Myths: Arnold Schwarzenegger. [S.l.]: Bloomsbury Publishing. 113 páginas. ISBN 9780747573685 
  19. Robin Anne Reid (2009). Women in Science Fiction and Fantasy, Volume 1. [S.l.]: ABC-CLIO. ISBN 9780313335914 
  20. Michael J. Tresca (2010). The Evolution of Fantasy Role-Playing Games. [S.l.]: McFarland. ISBN 9780786458950 
  21. Harry Sandoval, Don Magnus, James L. Halperin (editor) (2005). Heritage Comic Signature Auction #817. [S.l.]: Heritage Capital Corporation. 480 páginas. ISBN 9781932899856 
  22. Marcelo Cassaro. (2006). "Caverna do Dragão - A aventura favorita dos RPGistas completa 20 anos de exibição no Brasil". Dragon Slayer (9). Editora Escala
  23. Hal Erickson (1995). Television cartoon shows: an illustrated encyclopedia, 1949 through 1993. [S.l.]: McFarland 
  24. Eric Nolen-Weathington, Bruce Timm (2004). Modern Masters Volume 3: Bruce Timm. [S.l.]: TwoMorrows Publishing. ISBN 9781893905306 
  25. Roberto de Moraes. (1994). "Especial HeroQuest" (em português). Dragão Brasil (3). São Paulo, Brasil: Trama Editorial.
  26. a b c Sidney Gusman (8 de março de 2002). «Opera Graphica é acusada pela Mythos de plagiar Conan». Universo HQ 
  27. a b Marcelo Naranjo, sobre o press release (3 de dezembro de 2002). «Depois de bastante polêmica, Brakan - O Vingador volta às bancas». Universo HQ 
  28. Winnie Forster. Computer- und Videospielmacher. [S.l.]: Gameplan 
  29. Shane Hebert (2009). The Ballad of Corey Robichaux. [S.l.]: Shane Hebert. 135 páginas. ISBN 9780615354897 
  30. Game Informer Magazine: For Video Game Enthusiasts, Volume 18,Edições 5-8. [S.l.]: Sunrise Publications. 2008 
  31. Samir Naliato (6 de setembro de 2012). [hhttp://www.universohq.com/noticias/artes-originais-de-mike-deodato-jr-desaparecidas-ha-anos-surgem-na-internet/ «Artes originais de Mike Deodato Jr, desaparecidas há anos, surgem na internet»]. Universo HQ 
  32. «Dark Horse lança coletânea de histórias do Conan». Universo HQ. 27 de maio de 2003 
  33. Sérgio Codespoti (14 de janeiro de 2005). «A volta de Sonja, a guerreira». Universo HQ 
  34. Rogério Vieira (31 de outubro de 2006). «Encadernados da DC para 2007». HQManiacs 
  35. Andréa Pereira (25 de fevereiro de 2008). «WonderCon: Image, Dark Horse e Top Cow». HQManiacs 
  36. Will Costa (23 de novembro de 2009). «Kull ganhará nova adaptação para os cinemas». HQManiacs 
  37. Kevin Melrose (29 de janeiro de 2008). «Red Sonja/Red Sonya dispute settled for $1 swap». Newsarama. Arquivado do original em 16 de maio de 2008 
  38. Thiago Colás (16 de outubro de 2012). «Blue: nova minissérie de Red Sonja». HQManiacs 
  39. Brian Cronin (16 de dezembro de 2011). «Comic Book Releaded #345». Comic Book Resources 
  40. Chega ao fim a disputa jurídica por Sonja (ou seria Sonya?)
  41. Érico Assis (11 de Janeiro de 2012). «Encontro de Groo e Conan nos quadrinhos finalmente vai acontecer». Omelete 
  42. Thiago Colás (9 de outubro de 2013). «Conan e Sonja juntos novamente». HQManiacs 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]