Ciaxares

Ciaxares
Rei da Média
Ciaxares
Provavelmente um relevo que representa Ciaxares em Quizicapã.
Reinado 625-585 a.C.
Antecessor(a) Fraortes
Sucessor(a) Astíages
Nascimento século VII a.C.
  Ecbátana
Morte 585 a.C.
Sepultado em Siromedia (atual Quizicapã), de acordo com Igor Diakonoff[1]
Dinastia meda
Pai Fraortes
Ocupação soberano
Filho(s)

Ciaxares (em grego clássico: Κυαξάρης; em persa antigo: 𐎢𐎺𐎧𐏁𐎫𐎼 Uvaxštra;[2][3] avéstico: Huxšaθra, lit. "Bom governante"; em acádio: Umakištar[4]; frígio: ksuwaksaros;[5]) foi rei do Império Medo entre 625 e 585 a.C., sendo ele neto de Déjoces, filho e sucessor de Fraortes, pai e antecessor de Astíages.[6] Segundo Jerônimo de Estridão, ele foi o sétimo rei dos medos, sucedendo a Fraortes, reinando de 630 a.C. a 598 a.C. e sendo sucedido por Astíages.[7]

História[editar | editar código-fonte]

Ascensão[editar | editar código-fonte]

Império Medo de Ciaxares na época de sua expansão máxima

Ciaxares nasceu em Ecbátana, a capital meda. Seu pai, Fraortes, foi morto em uma batalha contra os assírios, liderados por Assurbanípal, rei da Assíria. Após a morte de Fraortes, os citas invadiram a Média e controlaram a área por um período de 28 anos.[8] Ciaxares, em busca de vingança, matou os líderes citas[9] e se proclamou rei dos medos. Depois de expulsar os citas, ele se preparou para a guerra contra a Assíria.[10] Ciaxares reorganizou o exército medo, então se aliou aos citas, embora eles tenham guerreado uns contra os outros uma década antes.[11] Em 616 a.C., uma força combinada de assírios e maneanos foi derrotada pelos babilônios em Qablīn, e Ciaxares poderia ter aproveitado a oportunidade para subjugar os maneanos em 615 a.C., o que o teria levado às fronteiras da Assíria, que estava em guerra com os babilônios. Em outubro ou novembro de 614 a.C. os medos ocuparam a província assíria de Arrapa (moderna Quircuque), então capturaram Tárbis ao norte de Nínive e finalmente invadiram Assur, a antiga capital da Assíria. Muitos assírios foram mortos, e uma grande quantidade de despojo levado para a Média, que assim deixou de ser um país pobre e semidemocrático tornando-se em um rico império oriental. Nabopolassar, rei da Babilônia, chegou tarde demais para participar da captura de Assur, mas os dois reis se aliaram contra os assírios. Essa aliança foi formalizada através do casamento da filha de Ciaxares, Amitis, com o filho de Nabopolassar, Nabucodonosor II. Em 612 a.C., os medos e os babilônios juntaram forças para atacar Nínive, capital do Império Neoassírio. Os remanescentes do exército assírio, liderado por Assurubalite II, romperam o cerco e se retiraram para Harã e posteriormente recuaram para Carquemis, perto da grande curva do Eufrates, onde se juntaram a algumas forças egípcias. Enquanto isso, os medos podem ter invadido ou até conquistado Urartu no norte (embora uma data anterior para essa conquista também tenha sido sugerida). Se os medos participaram ou não da derrota final dos assírios e egípcios em Carquemis e da seguinte ofensiva babilônica na Palestina, não está claro. A fronteira entre a Média e a Babilônia foi estabelecida ao sul de Assur e Harã.[12] Nabucodonosor tomou Jerusalém em 597 a.C. Fontes gregas afirmam que na campanha contra Jerusalém Nabucodonosor pediu ajuda a Ciaxares.[13]

Guerra contra a Lídia[editar | editar código-fonte]

Tumba de Quizicapã, provável relevo de Ciaxares (detalhe)
Heródoto relatou as guerras de Ciaxares em Histórias

Após a vitória na Assíria, os medos conquistaram o norte da Mesopotâmia, a Armênia e as partes da Ásia Menor a leste do rio Hális, que foi a fronteira estabelecida com a Lídia após uma batalha decisiva entre a Lídia e a Média, a Batalha do Hális terminou com um eclipse em 28 de maio de 585 a.C. Antes de Ciaxares ser confrontado com a ameaça do exército lídio, Alíates já havia feito campanha nas regiões orientais da Frígia e Gordião.[14] Através da mediação de Sienésis I, rei da Cilícia, e Labineto, da Babilônia, ambos os lados concordaram com a paz. O rio Hális foi estabelecido como a fronteira entre as esferas de influência Lídio e Medo, embora algumas regiões tenham permanecido semi-independentes dentro de ambos os impérios.[12]

Rio Hális

Algumas das vicissitudes desta guerra (a princípio favorecendo Lídia) parecem ter sido sugeridas por Jeremias (50:9-10, 50:41-43, 51:27-28) e Ezequiel (32:22-30, 38:2-6, 39:1-16).[12] Após o subsequente intercâmbio de casamento, a luta cessou entre os medos e os lídios, mas Creso mais tarde se recusaria a enviar ajuda a Astíages quando confrontado com o conflito de Ciro, o Grande.[14] Isso mostra que, embora os casamentos resultantes possam ter evitado mais lutas entre os medos e os lídios, os dois reinos não se uniram em nenhum tipo de aliança.

Ciaxares morreu logo após a batalha e foi sucedido por seu filho, Astíages, que era o avô materno de Ciro, o Grande, por meio de sua filha Mandane. Deve-se notar que as circunstâncias do reinado de Ciaxares receberam uma interpretação totalmente diferente nas obras de René Labat e Hinz.[12]

Tumba de Ciaxares, Quizicapã, Suleimânia. Curdistão iraquiano

Quizicapã é uma tumba localizada nas montanhas do Curdistão iraquiano em Suleimânia. O historiador russo Igor Diakonoff acreditava que se tratava provavelmente de uma tumba real e que, se for real, é a tumba de Ciaxares.[15]

Legado[editar | editar código-fonte]

Em relatos posteriores sobre os Jardins Suspensos da Babilônia, isso foi lembrado como o presente de Nabucodonosor para a sua esposa e filha de Ciaxares Amitis, para ajudá-la com as saudades de casa pelo país montanhoso onde ela nasceu.[16]

Depois que Dario I tomou o Iranchár, rebeliões eclodiram reivindicando o legado de Uvaxstra. Depois que eles foram derrotados, o xá anotou dois na inscrição de Beistum:

Referências

  1. Gershevitch, Ilya (1984). The Cambridge history of Iran: The Median and Achaemenian periods. [S.l.: s.n.] ISBN 9780521200912 
  2. Akbarzadeh, D.; A. Yahyanezhad (2006). The Behistun Inscriptions (Old Persian Texts) (em persa). [S.l.]: Khaneye-Farhikhtagan-e Honarhaye Sonati. 87 páginas. ISBN 964-8499-05-5 
  3. Kent, Ronald Grubb. Old Persian: Grammar, Text, Glossary (em persa). 1384 Kurdish calendar. [S.l.: s.n.] 406 páginas. ISBN 964-421-045-X  |others= e |outros= redundantes (ajuda)
  4. «Cyaxares - Livius». www.livius.org. Consultado em 9 de fevereiro de 2021 
  5. Diakonoff 1993, pp. 478-479.
  6. Heródoto (2018). Histórias. Lisboa: Edições 70. p. 130. ISBN 9724409015 
  7. Jerônimo de Estridão, Chronicon
  8. Middleton, John (2015). "World Monarchies and Dynasties". EBSCOhost.
  9. Grousset, René (1988). The empire of the steppes : a history of Central Asia. Internet Archive. [S.l.]: New Brunswick : Rutgers University Press ; London : Eurospan [distributor] 
  10. Gershevitch, I. (1985). The Cambridge History of Iran (em inglês). [S.l.]: Cambridge University Press 
  11. Middleton, John. "World Monarchies and Dynasties". EBSCOhost. Armonk, N.Y. ; Great Britain.
  12. a b c d https://iranicaonline.org/articles/cyaxares-gk
  13. «BABYLONIA i. History of Babylonia in the Median and Achaemenid periods». iranicaonline.org. Consultado em 20 de dezembro de 2021 
  14. a b Leloux, Kevin (dezembro de 2016). «THE BATTLE OF THE ECLIPSE (MAY 28, 585 BC): A Discussion of the Lydo-Median treaty and the Halys border». Polemos: Journal of Interdisciplinary Research on War and Peace (em inglês) (2). ISSN 1331-5595. Consultado em 26 de abril de 2021 
  15. Gershevitch, I. (1985). The Cambridge History of Iran (em inglês). [S.l.]: Cambridge University Press 
  16. Dalley, Stephanie (2013). The Mystery of the Hanging Garden of Babylon: an elusive World Wonder traced. Oxford University Press. ISBN 978-0-19-966226-5.
  • Parte do texto baseado na tradução do artigo «Cyaxares» na Wikipédia em inglês.