Ares Ludovisi

O Ares Ludovisi

O Ares Ludovisi é uma famosa estátua do deus grego Ares, preservada na coleção do Palazzo Altemps do Museu Nacional Romano, em Roma, na Itália.[1]

A obra é uma cópia romana em mármore, em tamanho natural, realizada na época antonina, de um original grego perdido, atribuído ora a Escopas ora a Lísipo. É possível que o original fosse uma releitura helenística de um Ares colossal em bronze de Escopas. Ares é representado como um jovem atlético, vestido com um manto que lhe descobre o torso, repousando sentado sobre um troféu de armas e com as mãos cruzadas sobre o joelho, uma postura de todo incomum na iconografia do deus. Eros, deus do amor, brinca a seus pés, numa alusão ao papel de Ares como deus da virilidade e amante ideal de Afrodite.[2][3]

A estátua foi descoberta em 1622, sendo aparentemente parte de um grupo que adornava um templo de Marte fundado em 132 a.C. por Brutus Callaecus perto do Circo Flamínio, em Roma.[2] Adquirida pelo cardeal Ludovico Ludovisi, sobrinho do papa Gregório XV, foi instalada em sua luxuosa villa na Porta Pinciana, construída no local onde César e Otávio tiveram suas villas imperiais.[4] A peça foi então restaurada pelo jovem Bernini, que poliu mais as superfícies e acrescentou com grande habilidade o pé direito que faltava, a mão direita, o cabo da espada e dois dedos da mão esquerda.[2] O Eros também possivelmente é uma adição sua, já que não aparece nas primeiras descrições e réplicas que se fizeram da estátua logo após seu descobrimento. De fato, o achado causou sensação na época. Giovanni Battista Susini a copiou em escala menor em 1630, e outras cópias em gesso, em tamanho natural, seguiram para várias coleções da Europa.[4]

A obra recebeu enorme divulgação, que chegou ao seu auge no período neoclássico, quando visitá-la era uma das obrigações dos que faziam o Grand Tour europeu. Johann Joachim Winckelmann, o grande teórico do Neoclassicismo, disse que ela era a mais bela representação do deus que chegara aos tempos modernos.[1][4] Tornou-se também um modelo largamente imitado por estudantes de escultura do período. Piranesi a reproduziu em gravura, com larga circulação.[5]

Referências

  1. a b Ludovisi Ares[ligação inativa]. Museum of Classical Archaeology Collections online database, Faculty of Classics, University of Cambridge
  2. a b c Niegorski, Ann M. Interlaced fingers and knotted limbs: the hostile posture of quarrelsome Ares on the Parthenon frieze. IN Chapin, Anne Proctor. Charis: essays in honor of Sara A. Immerwahr. ASCSA, 2004. p. 301
  3. Barba, Miguel Ángel Elvira. Arte y mito: manual de iconografía clásica. Silex Ediciones, 2008. p.226
  4. a b c Haskell, Francis and Penny, Nicholas. Taste and the Antique: the Lure of Classical Sculpture 1500-1900. Yale University Press, 1981. p.260
  5. Wolfgang Helbig, Führer durch die öffentlichen Sammlungen klassischer Altertümer in Rome. Tübingen, 1963-72, vol. III, 4th ed. pp 268-69

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