Angelo Segrillo

Angelo Segrillo
Angelo Segrillo
Nascimento Angelo de Oliveira Segrillo
4 de outubro de 1958 (65 anos)
Rio de Janeiro
Nacionalidade brasileiro
Cidadania Brasil
Alma mater Universidade Estadual de Missouri
Instituto Pushkin
Universidade Federal Fluminense
Ocupação Historiador, professor universitário
Principais trabalhos Os Russos
Empregador(a) Universidade de São Paulo

Angelo de Oliveira Segrillo (Rio de Janeiro, 4 de outubro de 1958) é um historiador brasileiro especializado na história da Rússia e União Soviética. É Professor Associado no departamento de História da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (FFLCH-USP). Estudou filosofia na Universidade Estadual de Missouri (EUA), mestrado em língua e literatura russa pelo Instituto Pushkin de Moscou e doutorado pela Universidade Federal Fluminense (UFF).[1][2]

É considerado um dos maiores especialistas em Revolução Russa, Rússia e URSS do Brasil. Seu livro O Declínio da União Soviética: um estudo das causas foi a primeira tese nacional sobre a URSS feita com pesquisa direta nos antigos arquivos soviéticos.[3][4][5]

Trajetória acadêmica[editar | editar código-fonte]

Segrillo fez sua graduação na Universidade Estadual de Missouri, nos Estados Unidos. Em 1989, deu início aos seus estudos com uma bolsa para aperfeiçoar o idioma russo pelo Instituto Pushkin de Moscou, vivendo no país durante os três anos que culminaram na dissolução da União Soviética. Posteriormente, retornou ao Brasil para realizar a sua pesquisa de doutorado sobre a perestroika na Universidade Federal Fluminense.[2][1]

Sua tese de doutorado — publicada como livro sob o título de O Declínio da União Soviética: um estudo das causas — foi a primeira tese nacional sobre a URSS feita com pesquisa direta nos antigos arquivos soviéticos.[3][5] Nela, Segrillo analisou o declínio da economia soviética em suas últimas décadas de existência não como processo puramente interno mas sim como acompanhando (e associado com) as mudanças concomitantes na economia mundial, que passava de paradigmas fordistas para pós-fordistas de organização do trabalho. O sistema soviético, vertical e rígido, tinha competido relativamente bem com o Ocidente capitalista na época em que o (igualmente vertical e padronizador) fordismo reinava absoluto. Entretanto, nas décadas posteriores em que apareceram e venceram o toyotismo e outros paradigmas pós-fordistas baseados em flexibilidade e padrões mais horizontais de informação e comando, a URSS teve dificuldade em adaptar seu sistema para competir sob as novas regras da especialização flexível. Uma versão condensada desse argumento pode ser vista, em inglês, no ensaio The Decline of the Soviet Union.[6]

Entre outras obras de Segrillo com pontos inovadores em seus campos de aplicação, podemos citar: sua tese de Livre Docência na Universidade de São Paulo, Rússia: Europa ou Ásia, o livro ocidental mais completo sobre os debates entre ocidentalista, eslavófilos e eurasianista na Rússia e como essas questões identitárias moldam a política externa do país hoje entre Ocidente e Oriente; Liberalism, Marxism and Democratic Theory Revisited: Proposal of a Joint Index of Political and Economic Democracy, onde propôs um novo indicador conjunto da democracia política e democracia econômica;[7] Ásia e Europa em Comparação Histórica: o debate entre eurocentrismo e asiocentrismo na história econômica comparada de Ásia e Europa, onde examina os diversos autores da literatura econômica asiocêntrica das últimas décadas, com seleção de trechos dos autores ainda não traduzidos em português; e Rússia e Brasil em Comparação, uma análise comparativa entre os partidos russos e brasileiros na democratização política desde 1985. Em 2015 publicou De Gorbachev a Putin: a saga da Rússia do socialismo ao capitalismo, um visão geral histórica da Rússia desde 1985.

Como tradutor, Segrillo realizou a primeira tradução para o português do romance Que Fazer?, de Nikolai Tchernichevski,[8] e a primeira tradução completa para o inglês da famosa Tabela de Patentes de Pedro, o Grande.[9]

É autor de Karl Marx – Uma Biografia Dialética, lançado em 2018 com foco na vida do pensador.[10][11]

Bibliografia selecionada[editar | editar código-fonte]

Em inglês

Em russo

  • Osobennosty Ekonomicheskogo Rasvitiya SSSR v Period NTR. Alternativy, no. 2, pp. 157-161, 1999.[4]
  • Ontologiya i Ideal Sotsializma pri Lenine, Trotskom i Staline: tri spornykh voprosa. In: Abramson, I.G. et al. (eds.) Sotsialisticheskii Ideal i Real´nyi Sotsialism: Lenin, Trotskii, Stalin. Moscow: LENAND, 2011.
  • Demokratizatsiya v Rossii i Brazilii: Sravnitel'nyi Analiz. Alternativy, no. 4, pp. 131-139, 2010.[5]

Em francês

  • Occidentalisme, Slavophilie et Eurasianisme: Les Intellectuels et lês Homes Politiques à la Recherche de L´indentité Russe. In: Modernités Nationales, Modernités Importées: entre Ancien et Nouveau Monde XIXe-XXIe Siècle (org. Denis Rolland & Daniel Aarão Reis). Paris: L´Harmattan, 2012.
  • Le Système Soviétique et la Modernité : quantifier la démocratie économique comme la démocratie libérale pour tenter un bilan comparatif. In: Modernités Alternatives: L´historien face aux discours et représentations de la modernité (org. Denis Rolland & Daniel Aarão Reis). Paris : L´Harmattan, 2009.

Em português

Traduções

Referências

  1. a b Junges, Márcia (21 de julho de 2008). «Stalin e Roosevelt: uma troca de cartas reveladora». Instituto Humanitas Unisinos 265 ed. Consultado em 7 de março de 2022 
  2. a b Cazes, Leonardo (21 de março de 2015). «'Nenhum povo gosta de viver sob chicote', afirma o historiador Angelo Segrillo». O Globo. Consultado em 7 de março de 2022 
  3. a b Julia Dolce (31 de outubro de 2017). «Ângelo Segrillo: União Soviética praticamente "balizou o século XX"». Brasil de Fato. Consultado em 4 de janeiro de 2020 
  4. Merval Pereira (12 de junho de 2018). «De Gorbachev a Putin». Academia Brasileira de Letras. O Globo. Consultado em 4 de janeiro de 2020 
  5. a b Barini, Filipe (23 de dezembro de 2021). «'Do final de 1989 até 1991, percebeu-se que o sistema não tinha mais como funcionar', afirma historiador sobre o fim da URSS». O Globo. Consultado em 3 de março de 2022. (pede subscrição (ajuda)) 
  6. Segrillo, Angelo (2 de dezembro de 2016). «The Decline of the Soviet Union: A Hypothesis on Industrial Paradigms, Technological Revolutions and the Roots of Perestroika» (PDF). Departamento de História da Universidade de São Paulo. Laboratório de Estudos da Ásia. Consultado em 29 de agosto de 2018 
  7. Segrillo, Angelo. «Liberalism, Marxism and Democratic Theory Revisited: Proposal of a Joint Index of Political and Economic Democracy» (PDF). Departamento de História da Universidade de São Paulo. Brazilian Political Science Review. Consultado em 29 de agosto de 2018 
  8. Gabriel, Ruan de Sousa (23 de outubro de 2015). «O último clássico russo a ganhar uma edição brasileira». ÉPOCA. Consultado em 29 de agosto de 2018 
  9. Segrillo, Angelo (1 de novembro de 2016). «A First Complete Translation into English of Peter the Great's Original Table of Ranks: Observations on the Occurrence of a Black Hole in the Translation of Russian Historical Documents» (PDF). Departamento de História da Universidade de São Paulo. Laboratório de Estudos da Ásia. Consultado em 29 de agosto de 2018 
  10. Prado, Luiz (19 de março de 2018). «Professor da USP lança primeira biografia brasileira de Marx». Jornal da USP. Consultado em 28 de agosto de 2018 
  11. «Karl Marx - uma biografia dialética, por Angelo Segrillo». Rádio Senado. 30 de novembro de 2018. Consultado em 20 de dezembro de 2019 
  12. «HISTORIOGRAFIA DA REVOLUÇÃO RUSSA: ANTIGAS E NOVAS ABORDAGENS». revistas.pucsp.br. Consultado em 20 de dezembro de 2019 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]