Alta-Venda

Alta-Venda Carbonária com António Maria da Silva, Luz de Almeida (ao centro) e Machado dos Santos em 1911

A Alta Venda era uma estrutura orgânica de reunião da organização secreta de carácter político-religioso Carbonária Portuguesa.

Origem e funções[editar | editar código-fonte]

Fundada entre finais de 1898 e seguramente antes de 1900[1] é Luz de Almeida quem nos dá uma perspectiva de como as coisas se passaram,[2] assumiu numa das primeiras reuniões da criação da organização Carbonária Portuguesa o estatuto de provisória que só veio a perder quando esta foi dissolvida tal como a "Suprema Alta-Venda"[3] sendo que os membros desta última passaram para uma nova Alta-Venda que ficou a ser o corpo dirigente da Carbonária Portuguesa.

Os nomes que pertenciam a esta eram secretos até para a Venda Jovem-Portugal sendo um órgão com membros invisiveis até para estes. Este era o órgão de gestão da Carbonária Portuguesa e o seu pólo dinamizador principal

Remodelação e funções definitivas[editar | editar código-fonte]

A dada altura[4] Luz de Almeida (não havendo data calcula-se que será em 1907 pois foi antes de este ter sido preso pela polícia no dia 28 de Janeiro de 1908 nas vésperas da Janeirada,[5] também conhecido como Golpe do elevador da Biblioteca[6]) decide remodelar a estrutura Superior da Carbonária Portuguesa, reunindo o Conselho Florestal, ficando esta estrutura com as seguintes atribuições: eleição e destituição do Grão-Mestre, do Grão-Mestre Adjunto, das Altas-Vendas e dos Juízes do Tribunal Secreto; definição e estabelecimento da parte ritualística. Eram assim limitados os poderes da Venda Jovem-Portugal reforçando-se o carácter secreto da organização numa altura em que se preparavam importantes desenvolvimentos na história portuguesa na qual a Carbonária Portuguesa teve forte influência.

A partir desta altura a Alta-Venda passa a ser o verdadeiro centro dinamizador das actividades conspirativas da Carbonária Portuguesa.

Integrantes[editar | editar código-fonte]

Não se conhece a totalidade dos que integravam as Altas-Vendas sabe-se no entanto que Luz de Almeida presidiu a todas,[7] de entre os integrantes que se conhece:[2][8][9]

Referências

  1. Porque foi neste ano que foi fundada a Loja Montanha no então Grande Oriente Lusitano Unido de que foram fundadores os Carbonários e o seu Venerável-Mestre foi Luz de Almeida precisamente o Chefe máximo das estruturas da Carbonária Portuguesa
  2. a b MONTALVOR, Luís de (direcção),História do Regime Republicano em Portugal, Capítulo: A obra revolucionária da propaganda: as sociedades secretas (pp. 202-56, Vol II), Lisboa, 1932
  3. Organização provisória constituida um "Bom Primo" que foi eleito pela Alta-Venda provisória e a quem foram conferidos plenos poderes para que secretamente escolhesse entre os membros daquela entidade, quatro outros "Bons Primos", o escolhido foi Luz de Almeida
  4. Luz de Almeida in História do Regime Republicano em Portugal, Capítulo: A obra revolucionária da propaganda: as sociedades secretas, p. 229, Vol II, MONTALVOR, Luís de (direcção),Lisboa, 1932
  5. A Janeirada foi planeada por António José de Almeida e tinha como organizador na sombra, Luz de Almeida, este na altura chefiava a Alta Venda da Carbonária Portuguesa, onde era secundado por Machado dos Santos e António Maria da Silva, este golpe deu-se depois que António José de Almeida na sequência do Congresso Republicano de Setúbal realizado em 1907, ter ficado de organizar a tomada do poder pelos republicanos por via revolucionária. António José de Almeida acabaria por ser preso com os conpiradores no Elevador da Biblioteca.
  6. O Elevador da Biblioteca, que já não existe, era um Elevador similar ao Elevador da Bica que ligava a Praça do Município (chamada então de Largo do Pelourinho) e o Largo da Biblioteca em Lisboa e foi o local onde alguns dos principais revolucionários republicanos do golpe de 28 de Janeiro de 1908 se deixaram encurralar e foram presos, por esse motivo esta revolução para além de ser conhecida por Janeirada foi mais popularmente denominada por Golpe do Elevador da Biblioteca.
  7. Embora estivesse exilado entre Janeiro de 1909 e Outubro de 1910 era quem daria as ordens do seu exilio, havendo a indicação de encontros entre este e os outros membros em países estrangeiros.
  8. VENTURA, António, A Carbonária em Portugal 1897-1910, Livros Horizonte, 2008 (2.ª Ed.), ISBN 978-972-24-1587-3
  9. Entrevista a Luz de Almeida, Jornal República de 29 de Setembro de 1911
  10. Ver o verbete Carbonária Portuguesa, capitulo A fundação e reoganização para entender o porquê desta referência.
  11. Substituido nesse ano por ter recolhido ao leito e mais tarde ter falecido de tuberculose
  12. Substituido em Agosto de 1903 por ter partido para a Bélgica, onde foi concluir a sua formatura em letras.
  13. Também conhecido por Almirante Reis e substituído em Outubro de 1910 depois do seu suicídio em 5 de Outubro de 1910

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • MONTALVOR, Luís de (direcção),História do Regime Republicano em Portugal, Capítulo: A obra revolucionária da propaganda: as sociedades secretas (pp. 202–56, Vol II), Lisboa, 1932
  • ROCHA MARTINS, D: Manuel II (Memórias para a História do seu Reinado), p. 143, Lisboa, Sociedade Editora José Bastos, s. d., Volume I - Capítulo IV A Carbonária
  • Entrevista a Luz de Almeida, Jornal República de 29 de Setembro de 1911
  • VENTURA, António, A Carbonária em Portugal 1897-1910, Livros Horizonte, 2008 (2.ª Ed.), ISBN 978-972-24-1587-3
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